Sejam bem-vindos ao Chris Hemsworth Brasil! Somos um site criado por fãs, sem fins lucrativos, com o objetivo de informar. Não temos contato com Chris Hemsworth ou seus agentes e é proibida a cópia total ou parcial deste site. Todo o conteúdo é creditado aos seus devidos criadores.

Fonte: GQ
Tradução e adaptação: Equipe CHBR

“Acho que era aqui que eu morava”, diz Chris Hemsworth, diminuindo a velocidade do carro alugado e espiando pela janela. “Sim, é isso mesmo”. À nossa direita está uma avenida ladeada de pinheiros que deságua no oceano, e em algum lugar ao longo da rua está o minúsculo apartamento de um quarto que Hemsworth chamou de lar quando tinha 19 anos. É uma rua legal, no belo subúrbio de Mona Vale, em uma parte de Sydney chamada de Northern Beaches, porque você chega aqui dirigindo para cima e para fora da cidade por cerca de 45 minutos. A antiga rua de Hemsworth chama-se Seabeach Avenue; ela corre perpendicular a outra conhecida como Surfview Road, por causa de sua visão das ondas. Aqui tudo é simples.

Mona Vale está cheia de recordações. Durante três anos – e mais de 100 episódios da novela australiana Home and Away, onde Hemsworth estreou como ator e que foi filmado a poucas praias de distância – foi o seu mundo inteiro. Faz quase uma década desde a última vez que ele esteve no bairro e, embora costumava dirigir por esse caminho o tempo todo, hoje em dia não está tão fresco em sua mente. “Você acha que um acidente de carro seria legal para a história?”, Hemsworth ri, logo após navegar por uma série de mudanças de pista bizantinas e cruzar a Sydney Harbour Bridge. “Ou uma perseguição de carro?”.

Hemsworth vive em Byron Bay, uma região idílica na costa norte de Nova Gales do Sul, desde 2015. Voltamos a Mona Vale esta tarde para ver um homem sobre uma prancha de surfe. Hemsworth e eu estamos tendo uma sessão de design particular com Hayden Cox, o shaper australiano cujas pranchas Haydenshapes de alto desempenho são amadas por profissionais e celebridades. No caminho, Cox nos pede para enviar uma mensagem de texto com algumas ideias para que seu aerógrafo possa preparar as tintas. “Vamos lá, tipo, muita cor”, Hemsworth me dita enquanto dirige. “Viagem de cogumelo, inchaço ácido, vibração dos anos 70”. Quando chegamos, Hemsworth é presenteado com um bufê de flúor. “Todos eles!”.

Cox nos recebe em seu estúdio, um labirinto descontraído coberto por uma camada tão espessa de pó de espuma que toda vez que nos movemos, uma nuvem branca paira no ar como neve. “Cuidado com a cabeça”, diz Cox, enquanto nos abaixamos sob o batente de uma porta baixa. Uma placa que Cox acabou de fazer, com o nome de Michael Bublé, está encostada na parede. Cox e Hemsworth se conhecem desde que ambos tinham 19 anos, desperdiçando suas manhãs em Mona Vale caçando a onda perfeita. Hemsworth é um bom surfista? “Sim, ele é um craque”, Cox sorri. Hemsworth finge indiferença, mas está claramente encantado.

As pranchas de surf de Cox começam por ser blocos de espuma de poliuretano antes de serem lixadas, ou “moldadas”, e cobertas com resina. Cox preparou um núcleo que tem o comprimento de uma cama king-size. Hemsworth acha que pode ser muito grande. “Mas, você sabe, eu posso surfar em uma onda maior”, ele oferece, educadamente. Cox entrega a ele uma lixa para trabalhar nas ranhuras restantes. Hemsworth alinha seus movimentos em movimentos longos e suaves, inclinando-se cuidadosamente para que sua linha de visão fique paralela à curva do quadro. “Continue!”, Cox o repreende. “As linhas ainda não acabaram!”.

Neste ponto, estamos conversando há horas e muito disso tem sido sobre pranchas de surf. Twinnies, shortboards, grovellers, rail line rockers, quads traseiros. (Uma observação: eu não surfo. “Agora você surfa”, Hemsworth me diz). “Sempre adorei surfar”, diz Hemsworth. “É uma das poucas coisas que prende minha atenção completamente e em sua totalidade”. Quando ele não está perto da água, ele se sente desmotivado. No meio da produção de seu último filme, Extraction 2, em Praga, ele começou a voar para Hossegor, no sudoeste da França, para surfar em fins de semana alternados. “Isso me ajudou”, diz ele. E é melhor você acreditar que o surf em casa em Byron Bay é épico. Sempre que Hemsworth não está lá – quando está trabalhando, quando está em turnês de divulgação, mesmo quando sai de férias – ele se pergunta: por que ele foi embora?

“Há uma limpeza sempre que entro na água. Se estou tendo algum tipo de conflito interno ou turbulência, é o único lugar para onde vou”. Hemsworth inspira. “Há um sentimento de começar de novo”.

Hemsworth tem surfado muito ultimamente. “Estou aproveitando o tempo de inatividade”, explica ele. (Mais tarde, ele tem outra palavra para isso: “desempregado”). Foram “10 anos ocupados”, ele diz, subestimando as coisas: oito mega-sucessos de bilheteria da Marvel, um punhado de outras franquias e uma série documental recente da National Geographic chamada Limitless, que evoluiu para uma meditação de seis episódios sobre o sentido da vida. Hemsworth precisava de uma pausa. Desde novembro ele está estacionado em casa, alternando entre surfar, levar os filhos para a escola e levar os filhos para surfar, até que simplesmente não conseguiu mais surfar e teve que ficar quieto com seus pensamentos.

Sentar-se com seus pensamentos é algo que Hemsworth tentou evitar ativamente no passado; é em parte por isso que ele é tão atraído pelo surfe, onde a mente se dobra para o corpo e, por um momento, se está em sintonia com as ondas. É também por isso que ele está trabalhando tão intensamente, somando 22 filmes desde o primeiro Thor. Descobri que a maior parte dos nossos problemas são criados pelo tédio, quando estamos sentados e não temos mais nada em que pensar a não ser: “Oh, o que é que eu posso analisar aqui, o que é que posso avaliar e criticar dentro de mim?'”, diz Hemsworth. Ter tempo livre nos últimos meses nem sempre tem sido uma experiência agradável nesse aspeto. “De repente, surgiram muitas perguntas às quais provavelmente não respondi… Tenho andado convenientemente distraído e, de repente, é como se dissesse: ‘Oh, vamos olhar um pouco mais fundo'”. Quais eram essas perguntas? “Nada muito dramático”, diz Hemsworth. Sabe, apenas as mais simples: “Quem sou eu? O que estou fazendo? Qual é a minha contribuição para o mundo? O que estou a fazer tem valor?”.

No início do dia, estávamos sentados dentro do restaurante favorito de Hemsworth no Crown Sydney, o elegante hotel à beira do porto onde ficou hospedado durante as filmagens da prequela de Estrada da Fúria, Furiosa, em 2022.. Apesar do lugar ser de vidro por todos os lados, como um aquário requintado, encontramos um canto sossegado no andar de cima, onde Hemsworth se senta confortavelmente no isolamento, de frente para a água. Hemsworth pessoalmente é tão alto quanto aparece na tela, não tão musculoso, mas ainda assim simples e despretensiosamente bonito. Ele chega de jeans preto e um suéter azul do mesmo tom dos olhos, e pede um steak tartare italiano, duas saladas, focaccia e uma enorme Cotoletta Milanese [vitela na farinha de rosca] para dividir. “Gosto de fazer isso”, diz ele, gesticulando entre nós, “uma conversa real com alguém”. Ele acha as entrevistas na televisão difíceis. “É ao vivo, você tem 90 segundos para ser interessante, charmoso, vender o filme e não dizer nada estúpido ou ofensivo. Oh Deus”; Ele se encolhe, rindo.

Hemsworth é alguém que quer ser amado. Não é uma tarefa difícil; ele é familiar, modesto e muito engraçado, mas é sua honestidade – aberta e desarmante – que mais o cativa. Ele pede desculpas algumas vezes por se repetir, mas é óbvio que as perguntas que Hemsworth tem feito a si mesmo nos últimos meses estão em sua mente, e nossa conversa volta a elas repetidamente. Quem sou eu? O que eu estou fazendo? Qual é a minha contribuição? O que estou fazendo tem valor?

Faz pouco mais de uma década desde que Hemsworth apareceu em nossas telas como Thor, como se tivesse ganhado na loteria genética. Charme à prova de armas, sem perseguição. “Quer dizer, ele é como um deus, certo?”, diz Joe Russo, que o dirigiu em dois filmes dos Vingadores e foi roteirista dos dois filmes de Resgate. “Quando ele entra em uma sala, todo o carisma aponta para Chris Hemsworth”. Hemsworth tinha 25 anos quando conseguiu o papel. (“Marvel joga o dado e lança um ator desconhecido para Thor”, dizia uma manchete). A aposta valeu a pena: desde então, ele interpretou o personagem em oito filmes e se tornou um modelo para a capacidade da Marvel em pegar um ator menos conhecido e transformá-los em uma megastar global.

Hemsworth é bom em interpretar o mocinho. Mas ele é ótimo em interpretar o bandido, um truque cinematográfico que ainda é uma delícia em tudo, desde Spiderhead a Maus Momentos no Hotel Royale e, de forma emocionante, em Furiosa do próximo ano. “Há muitas dimensões nele”, concorda o diretor de Furiosa, George Miller. “Ele pode fazer qualquer coisa”. O ponto forte de Hemsworth é quando o bem e o mal colidem, como acontece na série Resgate, na qual ele interpreta o mercenário aparentemente indestrutível e cheio de culpa Tyler Rake. O primeiro Resgate é um dos filmes da Netflix mais assistidos de todos os tempos e uma sequência chega neste verão. Ambos são dirigidos por Sam Hargrave, que conheceu Hemsworth em sua qualidade de dublê de Chris Evans em Vingadores. “Nunca me deparei com um desafio que ele não estivesse disposto a enfrentar”, diz Hargrave. Em Resgate 2, isso incluía ser repetidamente incendiado. “Quando lhe propus isso – que incluía pegar foto e sem usar CGI – ele meio que olhou para mim de lado, sorriu e disse: ‘Parece incrível, cara’”, ri Hargrave. (Ele apaga as chamas dando um murro na cara de um capanga; segurança contra incêndios, ao estilo de Hemsworth).

Hemsworth sempre foi um ator físico. Ele se jogou de telhados (em Resgate, várias vezes) em tanques (12 Strong) e baleias (No Coração do Mar) e em Charlize Theron, em dois filmes separados do O Caçador. Mas a fisicalidade também é a maneira como ele entende a própria atuação. Ele já sonhou em ser um jogador profissional de futebol australiano e, quando fala sobre trabalho, sua linguagem está repleta de terminologia esportiva. (“Dia de jogo”; “no campo”; “você não está tentando vencer a corrida, você é a corrida”).

“Há uma grande sobreposição entre atores e atletas”, sugere Miller. Ambos, explica ele, exigem uma combinação de talento inato e prática intensa. “A chave para isso é: no momento da performance, tendo feito todo aquele trabalho duro, você precisa ser capaz de simplesmente se entregar ao momento. É isso que eu vejo, não só no trabalho do Chris, mas também quando o conheci e percebi o que ele pensa sobre o mundo”.

Os filmes Resgate fizeram Hemsworth se sentir um atleta, exigindo de uma forma diferente dos filmes da Marvel. “Thor exigia que eu entrasse e olhasse de uma certa maneira, e era principalmente, uma espécie de trabalho corporal estético, enquanto isso, era necessário um atletismo muito maior”, diz ele. O destaque de Resgate 2 é uma sequência de 21 minutos, estilizado para parecer uma única tomada – é quase o dobro da duração do primeiro filme – em que Hemsworth faz acrobacias cada vez mais insanas, como escalar em cima de um trem em movimento para derrubar um helicóptero. Hemsworth descreve acertá-lo como “chutar o gol da vitória em um jogo de futebol”. É uma comparação correta. Como Hargrave coloca: “Nesses plano-sequência, você não está apenas fazendo ação. Você está fazendo ação e atuando. Ele traz todos os truques para o set todos os dias, e isso é muito para um ator. Ele trouxe um nível de intensidade e profissionalismo que poucos atores podem igualar”.

O treinamento de acrobacias é ótimo, diz Hemsworth, para não pensar em mais nada além do que está bem na sua frente: correr, pular, apagar o fogo, repetir. Como o surfe, é outra maneira de Hemsworth acalmar sua mente turbulenta. “Saímos da nossa cabeça e entramos no nosso corpo a mil por cento. Você está aqui presente, neste momento”, explica.

Aprender a deixar ir tem sido o trabalho de uma década. “É o maior obstáculo e algo com o qual tive muitos problemas no início da minha carreira”, admite. Quando Hemsworth era aquele jovem de 19 anos em Mona Vale, apenas começando, “havia tanta pressão que eu colocava em mim mesmo, sobre o que eu queria fazer e o quão bom eu queria ser”. Agora, sua abordagem é mais ou menos assim: “A única maneira de encontrar a mágica, ou os momentos realmente especiais, é apenas aceitar o fato de que pode não funcionar. E isso não significa que você não se importa, eu me importo com isso mais do que qualquer coisa. Mas você precisa se render ao processo e perceber que, ‘olha, eu fiz minha parte e o resultado disso está além do meu controle'”.

Ainda assim, ele se irrita quando pergunto sobre as críticas à Marvel feitas por cineastas como Martin Scorsese e Quentin Tarantino, que recentemente questionaram se os atores da Marvel são realmente estrelas de cinema. (Em uma entrevista em podcast no ano passado, Tarantino disse que os personagens, não os atores, são as estrelas). “É muito deprimente quando ouço isso”, diz Hemsworth. “Lá se vão dois dos meus heróis com quem não vou trabalhar. Acho que eles não são meus fãs”. Do jeito que Hemsworth vê, os filmes da Marvel serviram a um propósito importante. “Sou grato por ter feito parte de algo que manteve as pessoas nos cinemas. Agora, se esses filmes foram ou não em detrimento de outros filmes, eu não sei”, diz ele. “Não gosto quando a gente começa a se escrutinar quando há tanta fragilidade no negócio e nesse espaço das artes como está acontecendo… Digo isso menos para os diretores que fizeram esses comentários, que todos, aliás continuam sendo, meus heróis, e em um piscar de olhos eu toparia trabalhar com qualquer um deles. Mas eu digo isso mais para a opinião mais ampla sobre esse tópico”.

Ele suspira. “Acho que nenhum de nós tem a resposta, mas estamos tentando”.

Todo mundo é um crítico hoje em dia. Até os amigos dos filhos de Hemsworth estavam envolvidos com sua mais recente oferta da Marvel, Thor: Amor e Trovão. Eles não se seguraram. “É um bando de crianças de oito anos criticando meu filme: ‘Achamos que este tinha muito humor, a ação era legal, mas os efeitos visuais não eram tão bons’”, lembra ele. “Eu me encolho e rio igualmente disso”. Lançado em 2022, Amor e Trovão foi um sucesso de bilheteria, mas recebeu críticas mistas dos críticos (adultos). “Acho que nos divertimos demais. Tornou-se muito bobo”, reflete Hemsworth. Ele faz uma pausa. “É sempre difícil estar no centro de tudo e ter uma perspectiva real… Adoro o processo, é sempre uma viagem. Mas você simplesmente não sabe como as pessoas vão responder”.

Hemsworth cresceu no canto sudeste da Austrália, em Victoria, primeiro na cidade de Melbourne e depois a duas horas da cidade, Phillip Island, onde o surf é lendário. (“Vou lhe dizer uma coisa: se você aprender a surfar no oceano do sul, com certeza será um pouco mais resistente do que nós, caras da costa leste”, observa Cox).

Hemsworth surfava na maioria dos fins de semana com seus irmãos, os atores Luke e Liam e seu pai Craig. “Era só nisso que eu pensava durante toda a semana”, diz Hemsworth. “Eu realmente não tive muita vida social durante o ensino médio. Eu era de sair muito para festas. Tudo o que eu queria fazer era surfar e assistir a filmes. Isso me manteve longe de problemas, eu acho”.

Quando Luke conseguiu um emprego em uma loja de surf, Chris também conseguiu. Mas o salário não era bom, “apenas cerca de cinco, seis dólares por hora”, diz ele, que nunca conseguiu comparar uma prancha para si mesmo. “Todas as pranchas de surf que tinha eram em segunda mão ou algo que comprei numa venda de garagem”. Agora, não consegue se conter: tem cerca de 15 em casa. Ele dá de ombros. “Existem vícios muito piores por aí”.

Hemsworth também seguiu Luke como ator. “Ele fazia um curso de atuação em cinema e televisão uma vez por semana depois da escola”, lembra Hemsworth. “Eu pensei, isso parece divertido! E assim que o fiz, tornou-se uma obsessão”. Havia duas motivações que o moviam: “Meus pais não tinham muito dinheiro. Como posso tirá-los dessa situação de ônus financeiro e como posso não estar nessa situação?”, ele explica. Mas o verdadeiro motivo é que ele adora brincar. “Continuamente explorando a criança interior dentro de mim que adorava brincar de se fantasiar no quintal com seus irmãos… Eu não queria sentar atrás de uma mesa e fazer a mesma coisa todos os dias, repetidamente. Eu queria estar em uma aventura”.

A aventura já dura mais de duas décadas. Hemsworth tem um aniversário marcante em alguns meses. “Acho que não quero fazer 40 anos”, ele admite. “Ainda sinto que tenho 25 anos e muito tempo pela frente. Agora eu estou tipo, ‘Oh, eu poderia estar no meio do caminho. Mais da metade do caminho’”.

Ainda há muito tempo, eu digo. “É muito tempo”, ele concorda e dá uma pausa. “Se eu chegar lá! A realidade de ‘eu não vou ficar aqui para sempre’ está batendo”.

Ele pensou muito sobre isso em janeiro, quando recebeu a notícia de seu colega de elenco em Vingadores, Jeremy Renner, que ficou gravemente ferido em um acidente com um limpa-neve. “Estávamos todos em nosso grupo de mensagem dos Vingadores, estávamos todos conversando. E foi uma loucura. Nenhum de nós realmente sabia o quão sério era”, diz Hemsworth. “Acho que qualquer coisa assim, é uma percepção imediata de ‘uau, qualquer um de nós pode partir a qualquer momento…’”, ele para.

No restaurante, nosso almoço chegou. Hemsworth empurra bife tártaro para seu prato. “Estamos chegando à idade em que começaremos a perder as pessoas que amamos”.

É então que Hemsworth me diz que o seu avô morreu recentemente.

“Sinto muito”, eu digo.

“Está tudo bem”, ele responde, sorrindo tristemente.

O avô de Hemsworth, Martin, tinha 93 anos e sofria de Alzheimer. Durante a produção de Limitless, Hemsworth descobriu que tem duas cópias do gene APOE4, indicando que ele pode ter de oito a 12 vezes o risco médio de herdar a doença. Hemsworth se lembra de todos no funeral falando sobre seu avô com tanto respeito. “Meu tio disse especificamente, dizendo: ‘Ele é lembrado como um bom sujeito’. E se ele soubesse, ou se alguém dissesse a ele que seria assim que ele seria lembrado, quão incrivelmente orgulhoso ele se sentiria”.

“Isso me fez pensar sobre minha própria vida”, admite Hemsworth. “E não era sobre carreira nem nada do tipo. Tratava-se de ser lembrado como alguém que foi bom e gentil e contribuiu com algo de valor… Certamente não penso nos filmes que vou deixar para trás e como as pessoas vão se lembrar de mim nesse sentido. Espero que as pessoas pensem em mim com carinho e que eu tenha sido uma boa pessoa. Que eu era um cara legal. Assim como meu avô”.

Enquanto cresciam, os irmãos Hemsworth passavam muitas tardes na casa dos avós enquanto os pais trabalhavam. “Parecia tão grande. Minha lembrança disso era esta casa enorme”, diz Hemsworth, mas a realidade era mais realista: dois quartos, um dos quais tinha sido dividido ao meio. “Eu ri disso com meu irmão outro dia. Não precisamos de muito, não é mesmo? Você pode se enganar pensando que mais é, de alguma forma, a resposta para a felicidade”. Ele pega o telefone e me mostra um vídeo caseiro de sua infância: uma criança loira sentada no colo de sua mãe, seu avô vindo da varanda dos fundos em direção a eles. Hemsworth se lembra dele como um homem que nunca ficava bravo, que cozinhava suas salsichas na churrasqueira até ficarem pretas. Hemsworth o levou em uma turnê global de imprensa para o primeiro filme de Thor, na primeira classe e tudo. “Lembro-me de pensar: ‘Mal posso esperar para ver a cara dele. Ele vai gostar muito disto. E ele tinha o mesmo olhar de apreciação e felicidade no rosto que tinha quando estava cozinhando as salsichas queimadas no quintal. Para ele, era tudo a mesma coisa”.

Ultimamente, Hemsworth tem pensado mais sobre o tempo e a sua passagem. “Agora tudo tem mais importância”, explica. “Por causa da percepção de que isso não vai durar para sempre”. Isso inclui o trabalho. “Não quero deixar uma pilha de lixo para trás”, diz Hemsworth. “E estou ciente de que há alguns erros aí”.

Como o que?

“A internet vai te dizer”.

Por isso, começou a buscar novos desafios. Dirigir, talvez. “Eu penso muito sobre isso, e recentemente, mais do que nunca”. Ele falou com um amigo de um amigo sobre isso – o amigo é Matt Damon, o amigo do amigo é Ben Affleck – que compartilhou que atuar em um filme que você também está dirigindo pode ser cansativo. “Ben disse que é realmente complicado”, diz Hemsworth. “É muito mais fácil apenas sentar atrás da câmera do que tentar fazer as duas coisas”. Ele ainda quer atuar em um drama romântico. (Ele chegou perto recentemente com um filme do tipo Nasce Uma Estrela, até que percebeu que exigiria que ele cantasse cerca de 20 covers de algumas das canções mais icônicas de todos os tempos. “Isso me assusta demais para chegar ao ponto de me submeter”).

Pela primeira vez desde que sua carreira decolou para valer, Hemsworth não sabe o que virá a seguir. “Nos últimos 12 anos, tenho o meu próximo trabalho reservado com dois ou três anos de antecedência”, diz ele. Hoje em dia ele se pergunta: se o trabalho vai afastá-lo da família, o que ele ganha com isso? “Tem que ser mais do que uma mudança de carreira”, diz ele. Tem que ser algo “digno do meu tempo”

Isso ainda pode incluir mais filmes de Thor. “Eu amo a experiência”, ele começa. “Adoro o fato de ter conseguido fazer algo bastante diferente ao longo do processo. Thor 1 e 2 eram coisas únicas, Thor 3 e 4 eram uma sensação muito diferente… e até Vingadores, o Lebowski Thor, o Thor de Guerra Infinita, devido a diferentes diretores e acho que principalmente minha própria necessidade de fazer algo diferente. Você sabe, eu enjoei do personagem rapidamente de dois em dois anos”, ele ri.

Russo elogia o timing cômico de Hemsworth, cada vez mais em exibição à medida que a franquia evoluiu. “Ele é um dos atores mais engraçados com quem já trabalhamos, ele é muito talentoso”, diz Russo. “Você vê isso em Thor em Guerra Infinita e Ultimato… É muito difícil fazer o que ele fez nesses filmes, porque ele é ridículo às vezes e totalmente trágico”. A mudança de velocidade cómica foi algo que Hemsworth apreciava; ele precisaria de outro se quisesse voltar. “Se eu fosse fazer algo de novo, teria que ser diferente em termos de tom. E teríamos que fazer algo muito drástico para manter as pessoas interessadas. Caso contrário, é apenas o cansaço desses personagens e desses filmes, onde as pessoas dizem: ‘Eu já vi'”.

Falamos um pouco sobre a Marvel. Ele viu Pântera Negra: Wakanda Para Sempre – “muito legal” – mas não viu Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania. Ele pergunta o que eu achei do filme e está interessado na minha opinião, que é basicamente: por que eles tiveram que torná-lo tão grande? “Esse é o truque: você precisa separar todas essas histórias”, responde Hemsworth. “No momento em que é tipo…” – ele faz sua melhor voz de trailer – “’Seu mundo está em perigo, o universo inteiro!’ É como, ‘Sim, então [foram] os últimos 24 filmes’. Tem que se tornar um pouco mais pessoal e fundamentado”. Ele está sempre aberto a retornar a Thor, “vendo o que eles têm a oferecer criativamente, se houver algo novo” para o personagem. “Mas eu realmente quero fazer outras coisas por um tempo”.

Como Furiosa, com lançamento previsto para o ano que vem, a prequela de Miller para Mad Max: Estrada da Fúria, seu filme seis vezes vencedora do Oscar. Hemsworth interpreta um senhor da guerra motociclista barbudo chamado, espectacularmente, Dementus. “Cheguei ao filme exausto. Pensei: ‘Como vou aguentar isso?’”, admite Hemsworth. “Na primeira semana de ensaios com [Miller], de repente foi esse o reacender da minha energia criativa”. Foi “de longe a melhor experiência da minha carreira e algo de que mais me orgulho. Isso me fez pensar que não é o trabalho que é cansativo, mas sim o tipo de trabalho, o quanto estou investido nele e se é desafiador da maneira certa”, diz Chris. Ele chama Miller de “magistral”. “Estou em busca de mais George Millers. Ou mais de George Miller. Se ele me aceitar”, sorri Hemsworth.

Quando digo isso para Miller, ele ri com prazer. “Claro! Seria uma emoção. Simplesmente não há dúvida”, diz ele. Ele elogia a dedicação e precisão de Hemsworth. “Sempre preparado, por mais difícil que seja a cena, sempre trabalhando muito. Não há distrações, muito focado”. Mas ele também menciona a presença de Hemsworth no set. “Ele fará tudo o que for necessário para fazer o filme da melhor maneira possível. Ele trabalhará com outros atores, mesmo em papéis menores, e se relacionará com eles. Se há algum problema e as produções às vezes podem ser complicadas, é ele quem, pelo exemplo, consegue acalmar as coisas”, acrescenta Miller. “Todos nós conhecemos pessoas, em ambos os lados da câmera, que parecem desvendar quanto mais poder e fama ganham, e Chris é a antítese disso”.

O que significa ser uma boa pessoa? Um homem poderia passar a vida respondendo a essa pergunta. Isso significa que você é um bom marido? Um bom parceiro? Hemsworth é casado há mais de uma década com a atriz Elsa Pataky. “Passa tão rápido”, sorri Hemsworth. “Como tudo. Tivemos filhos na mesma altura em que a minha carreira decolava, na mesma época em que nos casamos, na mesma época em que estávamos nos conhecendo. Parece que nos conhecemos no meio do nosso relacionamento, cinco, seis anos atrás. De uma forma bonita. Depois que nossos filhos deixaram de usar fraldas, as coisas ficaram um pouco mais fáceis de administrar.” A parceria deles é sólida como uma rocha, alicerçada na amizade e na vontade de “se divertir, rir e se envolver em novas aventuras”. É também, Hemsworth admite, o que o permitiu ser quem ele é: “Seu sacrifício, compromisso, trabalho, apoio, perdão – tudo o que ela me deu ao longo dos anos foi incrível. Eu não poderia ter feito nenhuma das coisas que fiz sem ela”.

Juntos, eles têm três filhos: a filha India e os gêmeos Tristan e Sasha. “Ele é um homem de família muito dedicado”, observa Russo. “Admiro isso nele”. Seus filhos nasceram nos anos que Hemsworth descreveu no emocionante episódio final de Limitless como se estivessem a avançar rapidamente. “Desde que estreou Thor até uns dois anos atrás”, explica ele. “Eu ia de um filme para outro, não sabia se o telefone ia parar de tocar. Passei tantos anos pensando: será que vou conseguir? E uma vez que começa a rolar, você fica tipo, eu não quero sair deste trem. Essa pode ser minha única chance. Hemsworth sentiu como se estivesse correndo uma corrida interminável. “Todos esses belos momentos passaram voando rapidamente por mim”. Essa percepção, que se cristalizou durante a criação de Limitless, foi confrontadora. “Isso me fez querer encerrar aquela série e voltar e ver minha família”, ele admite. “E foi isso que eu fiz”.

Então, ele foi para casa na bela Byron Bay. Ele surfou. Ele levava os filhos para a escola. Ele levou seus filhos para surfar. Ele pensou nas questões sobre as quais tem pensado, de uma forma ou de outra, nos últimos 20 anos. Quem sou eu? O que eu estou fazendo? Qual é a minha contribuição? O que estou fazendo tem valor? Ele encontrou as respostas? “Sim”, ele responde. “A busca em si é parte do problema. A constante necessidade de uma resposta e uma solução. Tudo bem não saber, ou apenas aceitar o fato de que a única certeza é a inconsistência e a mudança”. Agora, ele está tentando abraçar essa incerteza e viver o momento. Algo que ele quer fazer, que realmente está se esforçando ao máximo para fazer, é viver sua vida como se tudo fosse pela última vez. Cada filme pode ser o último, cada onda a última onda que surfou.

Então, em casa nos últimos meses, com Hollywood a mais de 11.000 quilômetros de distância, é isso que Hemsworth tem feito. Se as ondas estão boas, ele pega sua prancha e rema direto para o oceano. À noite, quando coloca as crianças para dormir, ele tenta apertar o botão de pausa. “Há noites em que eu fico tipo, ‘Apenas vá dormir’”, ele resmunga. “Ou quando os três [filhos] querem dormir na cama e nós pensamos: ‘Só queremos uma noite sozinhos’”. Mas em alguns anos, eles não farão mais isso, ele aponta. “Eles não vão mais pular em cima de nós, nos abraçando, beijando e tudo da mesma forma que fazem agora. Isso para mim é uma verdadeira bofetada no momento, só para o absorver”.

Um de seus filhos decidiu recentemente que quer ler histórias de ninar para seu pai. “Na outra noite, eu estava olhando para ele dizendo: Isso é a coisa mais linda, e quantas vezes mais isso vai acontecer?”. Esses anos são os anos de ouro, mas são passageiros. O tempo é precioso e, uma vez que ele se foi, você nunca mais o recuperará. Hemsworth não quer deixar passar mais uma década avançando rápido. “Sim, é assustador e aterrorizante, a consciência de que o relógio está correndo”, diz ele. “Mas vou aproveitar cada momento”.



A GQ Australia liberou uma nova entrevista com Chris Hemsworth. Confira a matéria completa!

Carreiras em Hollywood às vezes podem parecer fáceis. Um simples caso de aterrissar em sua grande chance, e então esperar que a fama e a fortuna cheguem, enquanto você planeja seu próximo papel de grande sucesso. No entanto, não são as oportunidades que definiram a carreira formidável de Chris Hemsworth, mas os desafios – e seu desejo de continuar vendo-os acontecerem.

“É tudo uma questão de buscar novos desafios, sabe?”, diz ele em seu barítono caloroso e instantaneamente reconhecível ao telefone de sua casa em Byron Bay, onde mora desde que se mudou de Los Angeles em 2014.

“Já trabalho há 15 anos e houve um período em que tudo era novo e empolgante, e o mais difícil era dizer ‘não’ porque você queria continuar trabalhando”, diz o ator.

“Agora você quer aprofundar a abordagem e pensar ‘isso parece familiar? é um território único para mim? já interpretei esse personagem antes? quem é o diretor? quem é o elenco? é uma colaboração que sinto que vou aprender com ela?’. Sempre que parece muito familiar ou muito confortável, acho que meu interesse não foi despertado”.

É esse critério que se tornou a fórmula para o sucesso do ator, acrescentando que quando ele “não tivesse medo ou ansiedade como um motivador para cavar um pouco mais fundo no roteiro”, ele se sentiria muito confortável. “Gosto de procurar projetos que me assustem muito, coisas que obriguem você a se expandir e evoluir, trabalhar mais, aprender mais”.

Isso deu lugar ao sucesso meteórico de Hemsworth e permitiu-lhe o prazer de trabalhar em uma série de filmes que definiram sua carreira. Citando Thor, Extraction, Bad Times at the El Royale, Rush e Escape from Spiderhead – “desculpe, estou listando todos os meus filmes quando você pediu apenas um”, ele interrompe com uma risada – como alguns de seus favoritos, rapidamente se torna aparente que são os desafios oferecidos por cada uma dessas funções que consolidaram seu lugar em seu carretel de destaques.

Sem surpresa, é também o nível de expectativa que permeia o set de Thor: Love and Thunder, baseado em Sydney, a quarta parcela da série de sucesso da Marvel reimaginada pelo diretor Taika Waititi, que está atualmente energizando Hemsworth. Além, é claro, de co-estrelar as habilidades de improvisação de Chris Pratt. “O cara é incrivelmente impressionante com a espontaneidade, o humor e as coisas que ele inventa. É engraçado, inspirador e intimidador. ”

Sobre voltar para seu papel recorrente como o Deus Nórdico do Trovão portador do martelo, Hemsworth diz que, também, apresenta seus desafios. “Tem a mesma – se não mais – pressão agora para fazer de novo,” ele diz. “Então tem um pouco de uma energia nervosa e animadora que está motivando todos nós a chegar um pouco mais longe e ter certeza de que estamos cobrindo todas as bases e abordando a cena de todos os ângulos.”

E não é só profissionalmente que Hemsworth se desafia, mas pessoalmente. Quando perguntado sobre sua natureza humilde e comportamento pé no chão, a estrela mundialmente famosa credita a influência de seu pequeno grupo de amigos e família. “Nós somos majoritariamente produto do nosso ambiente, então é sobre a companhia que você mantém e eu tive ótimos pais e modelos enquanto crescia.”

“Estou sempre motivado a ser melhor – seja como pessoa, ou pai, marido, amigo, colega de trabalho. Eu acho que todos temos esse dever e obrigação de nunca ficarmos muito confortáveis e só perguntar, ‘o que mais eu posso dar e fazer? Quais efeitos positivos podemos ter nisso?’ Eu acho que isso vem dos meus pais e educação, mas por qualquer razão isso sempre esteve no meu centro e eu acho que isso sempre me mantém em cheque.”

Como alguém que é sempre celebrado por suas sensibilidades exclusivamente australianas, Hemsworth é o primeiro a reconhecer a influência positiva que realocar em casa com sua família há sete anos teve em sua perspectiva. “Ir e vir de Hollywood foi uma maneira muito saudável de fazer isso,” ele diz. “Eu pude dar um passo um pouco atrás e não estar sempre focado na parte pequena disso tudo – Eu tinha uma visão macro das coisas. Vivendo aqui, eu podia ver de longe e reavaliar coisas e ver o que era importante.”

Mais recentemente, no acordar na pandemia global, um senso de gratidão e culpa coloriu sua habilidade de chamar a Austrália de casa. “Eu sei que minha ou nossa experiência como australianos é muito diferente da maioria das pessoas pelo mundo… Mas eu acho que o golpe inicial e o primeiro freio de tudo foi tão inquietante pra mim como foi pra todo mundo,” divide o ator, que confessa que ele também descobriu que as circunstâncias também serviram como um alerta muito necessário.

“Foi tipo, ‘ uau, olha todas as coisas que tomamos como garantido’,” ele diz. “Coisas simples como andar pela rua, e ir a um restaurante, e não usar uma máscara, e como nós interagimos e nos juntamos coletivamente – tudo de repente, nós não podíamos fazer. Eu sei, de novo, sem escalar isso a experiência de todos os países, mas em qualquer nível, é um tanto desafiador, emocional e psicologicamente.”

Era contato humano que Hemsworth descobriu ser uma graça salvadora entre a agonia e incerteza que foi 2020. “Eu acho que – para amigos meus que estavam sob isolamentos e lockdowns pesados – se tornou muito pouco saudável, e o que os fez passar por isso foi ainda manter aquelas amizades e ainda se comunicarem com as pessoas.”

“Nós enganamos a nós mesmos em pensar que podemos fazer tudo sozinhos e sou só eu contra o mundo, e por aí vai. Então você percebe que não, não somos nada sem uns aos outros, e não somos nada sem conexão e colaboração, e unidade e comunidade. Eu espero que isso tenha mostrado isso pra todo mundo. E então talvez conforme as coisas fiquem mais fáceis, quanto mais normais as coisas voltem a ser, nós mantenhamos isso em mente – nós somos gratos por essas coisas, não tenha elas por garantido.”

“É uma doença,” Hemsworth continua, agora em seguida. “Nós todos parecemos ter a ideia de que tudo vai durar pra sempre e que tudo fica exatamente da forma que nós queremos que fique, e nós ficamos muito desapontados e surpresos quando as coisas mudam. É tipo, a única coisa que você meio que garante é que as coisas vão mudar.”

É por essa razão que o ator não está desanimado que agora ele tem que dividir sua casa com Hollywood – o mesmo lugar que ele lutou tanto para se distanciar – já que pessoas como Liam Neeson, Melissa McCarthy, Idris Elba, Matt Damon e Zac Efron se mudaram para a Austrália para filmarem vários projetos. Ao invés disso, Hemsworth está esperançoso.

“Eu me lembro quando eu sai pela primeira vez para ir para Los Angeles 10 anos atrás, a cena de cinema australiana estava realmente sofrendo e o elenco e a equipe com que eu tinha trabalhado aqui estavam fazendo a mesma coisa, indo para o exterior para procurar trabalho em outro lugar,” ele relembra. “Toda vez que fui sortudo o suficiente para trabalhar em um filme aqui na Austrália, uma das principais coisas que as pessoas falam é sobre o quão agradecidos e felizes nós estamos pelo trabalho estar aqui nas nossas praias e em casa, nós não estamos tendo que deixar nossas famílias para fazer o que amamos. Então eu não poderia estar mais feliz de que eu não tenho que estar em um avião toda semana.”

“Também, conversando com outros australianos e ouvindo o quão agradecidos estão por ter mais empregos agora na indústria, eu acho que é uma coisa boa,” ele completa. “Tem sempre uma parte de você que quer manter isso em segredo – não gostaríamos de fazer isso? Mas eu não acho que é um segredo que mantivemos ou podemos manter de qualquer forma. O fato é, pessoas de todo o mundo amam a Austrália pela mesma razão que nós. Eu acho que é uma época animadora poder ver a indústria [do cinema] florescendo desse jeito.”

Hemsworth também é grato por ele ter tido a oportunidade de hospedar seu amigos de longa data Matt Damon e Idris Elba em Byron Bay, onde ele mora com a esposa Elsa Pataky, sua filha de 8 anos anos, India, e seus gêmeos de 6 anos anos, Tristan e Sasha. “É ótimo,” ele diz, sua voz brilhante de contentamento. “Eles estão aqui na Austrália – Matt estava aqui obviamente trabalhando em Thor, Idris está filmando um filme aqui.”

“Eu conheço esses caras há anos,” ele compartilha. “As vezes, vocês só se veem no set ou em uma premiação e não tem como sair normalmente. Então é ótimo, e esse é o caso com muitos do elenco nesse momento que estiveram em Thor – fazer isso no meu quintal e poder mostrar a eles o lugar é um grande luxo.”

Sem mostrar nenhum sinal de diminuir o ritmo, Hemsworth – que foi recentemente anunciado como embaixador global da Hugo Boss, depois de encabeçar a linha de fragrância da marca desde 2017 – está se preparando para aparecer ao lado de Anya Taylor-Joy e Yahya Abdul-Mateen II em Furiosa, uma prequência (prequel) do filme de 2015 Mad Max: Estrada da Fúria.

“Eu cresci com esses filmes e habitar esse espaço e esse universo de qualquer jeito ou forma, desde jovem, era um sonho,” ele diz. Esse novo projeto é ainda outro que o ator coloca na sua lista de busca por desafios.

“Eu encontrei com [o diretor] George Miller várias vezes há mais ou menos um ano atrás e li o script e fiquei muito animado. Realmente reacendeu a paixão,” ele explica. “Não estou dizendo que me cansei de trabalhar, mas eu estava me sentindo confortável com tudo, e então de repente conhecer um dos meus heróis, uma lenda australiana icônica dos filmes, e ter a chance de trabalhar com ele foi muito ‘puta merda, isso é assustador e estimulante e divertido’.”

Hemsworth também está muito ansioso para Limitless fazer sua estreia. Explorando “como podemos viver mais, melhor, mais felizes, mais saudáveis, mais fortes”, essa série é uma que o ator está orgulhoso de ter trabalhado com o National Geographic.

“Aquilo foi um verdadeiro abridor de olhos para mim,” ele diz. “Você tem alguns bons anos que fica longe das coisas – Você festeja, treina, trabalha, você vai indo – então de repente, tudo te pega. Esse show é esperadamente um verdadeiro guia para todos nós tirarmos o melhor da vida e experienciar isso com 100% ou a melhor oportunidade de saúde e bem estar que nós pudermos.”

E não tem dúvidas de que Hemsworth está a caminho disso. Bem ciente de que desafio planta oportunidade, o ator está buscando obstáculos, voando sobre eles, e se preparando para continuar tendo sucesso. Depois de tudo que os últimos 12 meses jogaram em nós, é um exemplo com que podemos aprender – mesmo se não formos todos estrelas de cinema.



A GQ Middle East conversou com Chris Hemsworth após o lançamento da nova campanha da Boss Bottled em que Chris aparece mais uma vez como o rosto da fragrância e embaixador da marca. Confira a entrevista traduzida:

O mundo sendo pausado e, apesar disso, Hemsworth está trabalhando em uma sequência de Extraction, assim como na sequência do brilhante Thor: Ragnarok com o diretor Taika Waititi. Por agora, nós discutimos os treinos na quarentena, seus pensamentos sobre a sequência de Ragnarok e quem realmente é o vingadores mais forte.

Como o lockdown afetou sua perspectiva da vida?

Certamente colocou as coisas em perspectiva, sabe? As coisas que você tem como garantidas, a liberdade de viajar sem grandes riscos ou o pensamento sobre restrições, distanciamento social e a higienização de todas as coisas com que preocupamos agora.

Mas também você sabe que foi meio que uma bênção, eu acho, apenas para que pudesse estar somente em um lugar por um grande período. Isso sou eu tentando ver pelo lado positivo, tentando achar positividade, foi uma grande oportunidade de passar tempo com minha família e amigos. Os últimos dez anos eu passei mais tempo nos aviões e aeroportos do que em qualquer outro lugar, estar em casa por esse tempo tem sido ótimo. Eu tenho três crianças pequenas e é uma idade muito divertida e fascinante e ser 100% parte disso realmente tem sido maravilhoso.

Tem lugares piores para ficar preso que Byron Bay com a família também…

Com certeza, nós somos muito sortudos e afortunados por estar aqui. Eu tenho amigos ao redor do mundo que estão em situações muito desafiadoras, até amigos em Victória agora.

Eles estão em um estágio maior do lockdown que Nova Gales do Sul está e muito muito restrito. Dedos cruzados que possamos ficar por cima disso. Meu coração vai para qualquer um que está preso em um apartamento por aí debaixo de restrições pesadas.

Muitas pessoas tem estado sãs durante o lockdown por estarem treinando em casa. Como você tem se mantido em forma, e tem algum exercício que você já enjoou?

Eu amo nadar, sabe? Voltas livres na piscina que me caem muito bem. Treinos cardiovasculares de baixo impacto e claro algum de força no meio. Ou bear crawls, eu acho as sessões de bear crawl são bem funcionais e de baixo impacto também.

Para banir, eu diria profundos e pesado agachamentos, especialmente como um cara alto, eu realmente tiro muito deles, é um movimento composto que pega o corpo todo mas também é muito desgastante.

Nós te vimos nas telas por último em Resgate. Quais os desafios de filmar algo como aquilo em comparação com algo como Vingadores, que é mais tela verde?

Significa muito mais ensaios e muito mais pressão em cada take, sabe? Digo, sim nós temos sequências de cenas geradas por CGI em Vingadores. Nós fazemos muitas cenas de ação mas elas são diferentes porque estão se apoiando na edição e movimentos de câmera e cortes de um ângulo para outro faz isso parecer mais impactante. Enquanto esse [Resgate] foi tudo em câmera, tudo num take contínuo, ou ângulo muito abertos em que você não conseguia trapacear muito nos posicionamentos.

Se você errar o take em outra coisa, você pode conseguir usar parte daquilo e cortar para outro ângulo enquanto nesse, se nós conseguimos 90% do caminho de uma sequência em particular e erramos algo você precisa começar de novo. Isso foi muito desafiador, mas uma das coisas mais gratificantes de que já fiz parte.

E ouvimos dizer que tem uma sequência sendo trabalhada

Eles já anunciaram, sim. Joe Russo está escrevendo de novo, e nós estamos meio que aprofundando nisso agora. É engraçado, enquanto filmávamos, o primeiro, não tinha nenhuma indicação de que ele [Tyler Rake, personagem de Hemsworth] estaria vivo ou não no fim. E então, eu acho que o estúdio ficou tão satisfeito com o que viram que pensaram, vamos colocar uma cena que pode dar um fio de esperança.

Falando de sequências, o que você pode nos dizer sobre Thor: Amor e Trovão? Ragnarok, com a trilha sonora de Led Zeppelin, é um grande ato pra seguir.

É, eu estaria nervoso se nós não tivéssemos Taika Waititi no comando novamente. Todos os filmes dele, ele é muito consciente da música e a escolha da música vai com os visuais. E veja, o primeiro trailer que saiu foi um dos trailers mais vistos que a Disney já teve. Eu tenho certeza que ele achará outra forma de ultrapassar aquilo ou elevar os níveis novamente.

Eu li e esse é um dos meus scripts favoritos. Eu gostei mais desse do que da primeira vez que li Ragnarok então acho que estamos em um bom lugar. E isso foi o primeiríssimo rascunho.

O que significa ser o rosto de um fragrância icônica como a Boss Bottled?

Ah, é uma honra. É uma fragrância icônica que cresci junto, é conhecida ao redor do mundo todo, e ser o rosto disso por alguns anos agora, sabe, eu sou muito grato por isso. As campanhas deles sempre são inspiradoras e, você sabe, essa honestidade, integridade, busca pelos seus sonhos, estar ciente do seu lugar no mundo, e ter um efeito positivo nele.

Em termos de fragrância é um clássico. Eu penso em como você descreveria seu próprio senso de estilo. Você diria que é clássico também?

Na verdade, eu passo a maior parte do tempo num par de bermudas de surf, surfando, mas também amo usar um bom terno também e me vestir bem quando eu viajo por aí para tours de imprensa. Eu gosto muito disso também. Eu diria que eu tenho um bom balanço entre super casual e mais formal.

E finalmente, quem é o vingador mais forte?

Ha, é o Thor. Todos eles discordam mas eles não estão nessa ligação.



Embora o isolamento social pela COVID 19 tenha acabo há mais tempo na cidade de Chris, em Byron Bay, Austrália, ele também precisou passar por esse período no início da pandemia. Em Junho, Chris Hemsworth conversou exclusivamente com a GQ UK sobre o tempo que passou em casa. Confira a tradução completa:

Estou em Nova Gales do Sul no momento. Estou em casa com a família. Muito do meu tempo normalmente é gasto indo de país em país em várias filmagens e eu passo muito tempo no avião e aeroporto, então eu tenho realmente aproveitado a oportunidade de ficar em um lugar por tempo com minha família e amigos.


Pra cego ver: Chris está tirando uma selfie em casa, sentado em um sofá branco. Ele usa uma camiseta branca e calça beje.

Eu tenho três filhos pequenos, então eles tendem a ditar minha rotina. Agora que eles estão de volta à escola, meu dia começa como a usual, caótica, ocupada manhã de deixa-los todos vestidos e prontos e alimentados para a escola na hora. Então eu tento surfar se conseguir, ou treinar. E então eu trabalharei um pouco e lerei alguns roteiros antes de pegar as crianças na escola.

Eu tenho usado qualquer coisa confortável. Estou optando por conroto total esses dias – normalmente shorts e uma camiseta. Não coloco muita coisa no meu guarda-roupa.

Pra ser honesto, eu não tenho prestado muita atenção na minha aparência. Muitas pessoas que conheço deixaram o cabelo ou a barba crescer. Eu meio que tenho mantido minha rotina normal, que é bem simples. Eu uso um hidratante diário e já que vou muito pro oceano, eu uso protetor solar. Durante Covid-19, ninguém está prestando muita atenção pra forma como estou parecendo, então eu tenho mantido isso bem mínimo. Em termos de auto cuidado, Eu vou tomar um banho de gelo sempre que puder, especialmente se eu tiver treinando muito.

Meu regime fitness normalmente é ditado pelo que o filme em que estou trabalhando pede de mim. Seja pra ser magro e ágil e mais magérrimo ou bombado e mais pesado e forte. Isso depende de ter uma estética visual que precisa se aplicada no personagem. Minha preferência é sempre treino funcional. Eu gosto muito de treinos de HIIT, puxar peso, treino estilo cross fit, natação, surfe – qualquer tipo de movimento funcional que me permita aumentar meu batimento cardíaco e força mas que não atinja meu corpo com muito impacto.

Fitness e bem estar pode ajudar você a se sentir no seu melhor mental e fisicamente. Pra mim, movimento cria motivação, então eu acho que se estou me arrastando pelo dia ou não estou me sentindo 100%, só levantar e fazer alguma forma de atividade física cria um efeito bola de neve no meu humor e energia. Eu entro impulso nisso e tenho mais inspiração e energia para continuar meu dia enquanto estou ativo. Seja só uma leve corrida ou caminhada ou uma sessão mais longa de cardio ou uma sessão de levantamento de peso, tudo tem seu espaço. Diversidade é a chave e o mesmo vale pra minha dieta. Ter uma grande diversidade de vegetais, frutas, proteínas é importante para garantir que você está tendo cada grama de nutrição disponível.

Pra cego ver: Chris está treinando com cordas navais no quintal de casa. Ele usa uma blusa de manga comprida preta, short cinza e tênis preto.

Através do surto de Covid-19 e particularmente durante esse período de quarentena e isolamento, eu tentei abraçar a quietude e concetrar em estar no momento presente, porque nenhum de nós sabíamos o que ia acontecer no futuro (mais do que nunca) e isso definitivamente teve um impacto positivo em mim. Praticando mindfulness (atenção plena), dormindo corretamente, lendo mito, treinando meu corpo, tudo tem sido uma chave de foco durante esse tempo.

Eu descobri que apenas tentar se manter ocupado era a chave pra abater a ansiedade induzida pelo lockdown. Eu estava lendo mais, treinando mais que o usual, mas também concentrando no momento presente. Nós temos uma tendência como seres humanos de gastar nosso tempo imaginando eventos futuros ou duelando com experiências passadas, então durante o isolamento tem uma grande oportunidade de se render à realidade que não podemos controlar o que está por vir e que temos que levar cada dia como podemos com uma atitude positiva sobre o momento presente.

Eu sou embaixador global da Swisse, que acabou de ser lançada no Reino Unido. É fantástico trabalhar com uma companhia que tem saúde e bem-estar como centro do pensamento. É a coisa mais importante pra mim na minha vida. Eu gosto da missão da Swisse que dar a qualquer um a oportunidade de viver uma vida mais saudável e feliz.

Eu uso o Ultivite Men’s Multivitamin todo dia, junto com Muscle Recovery e suplemento para reforço da imunidade se estou me sentindo esgotado. Não importa quão perfeita você acha que sua dieta é, nós sempre temos uma tendência a cortar caminhos, e a oportunidade de comer da forma mais saudável possível é deixada de lado, então suplementos completam esses buracos que podemos ter perdido.

A vida pós-lockdown vai ser interessante. Eu acho que tem muita enegia reprimida que temos agora e talvez resulte num grande boom de criatividade ou uma necessidade real e paixão por novas experiências e viajar e interação com outras pessoas. Eu acredito que seremos mais cuidadosos e atentos a como nós colaboramos e conectamos no futuro próximo, dado ao risco de Covid-19, mas eu acho, tendo ficado isolado, que as pessoas terão um desejo real e necessidade de reconectar com o mundo e experimentar coisas novas.

No último dia 15 de Outubro, Chris Hemsworth também participou de uma sessão de pergunta e resposta com a atriz indiana Kriti Kharbanda, também embaixadora da Swisse, sobre bem estar mental e físico.



Mesmo durante a quarentena Chris Hemsworth continua fazendo presença. Desta vez, o ator é capa da edição de maio/junho da revista GQ. Confira a segunda parte matéria traduzida e o ensaio fotográfico a seguir.

Leia a primeira parte aqui.

Fotos por Mathew Brookes para a GQ Australia

Hemsworth tem pensado muito sobre o destino do mundo ultimamente, e não só por causa da crise atual. Seu irmão Liam, que também se mudou para Byron Bay no início desse ano, perdeu sua casa nos incêndios da Califórnia em 2018, e os incêndios na Austrália poderiam ter pego a casa de Chris também.

“O lugar todo parecia inflamável,” ele diz. “Isso me faz ver quão pouco controle nós temos sobre essas coisas, seja os incêndios ou coronavírus. Eles não discriminam, todos estamos vulneráveis a isso.”

No início de Janeiro, Hemsworth foi ao Instagram e compartilhou um vídeo com seus 40 milhões de seguidores onde falou sobre os incêndios na Australia e pediu doações, além de anunciar que estava doando 1 milhão de dólares para ajudar no combate às chamas.

É fácil para as celebridades jogar dinheiro por aí, claro. Mas no ano passado, Hemsworth também participou da Greve Global Pelo Clima (Global Climate Strike) com sua família, e ele tem sido vocal em pedir aos líderes mundiais para fazer mais pelo combate à mudança climática – Ele disse à GQ em 2017 que Donald Trump estava “cheio de merda em todos os níveis” quando o assunto foi mencionado, o que é difícil de argumentar contra.

“Não está mais tão longe, uma ameaça iminente,” ele diz. “Nós estamos ver isso acontecer em tempo real, na porta de casa. Nossa relação com a Terra e com a sociedade e um com o outro, nós estamos recebendo uma verdadeira balançada. Você começa a repensar seus valores e se torna claro o que é importante.”

“Você pode não sentir um enorme senso de que mudanças climáticas são reais e é hora de fazer algo sobre isso. Mas então está nas notícias e está à vista, fora da mente. Isso é o que me assusta porque a não ser que as coisas estejam bem na nossa frente, nós temos energia para fora antes de ser tarde demais?”

Isso é o que mais preocupa Hemsworth. Essas coisas serão deixadas para futuras gerações, para seus próprios filhos, apara lidar – e até, a oportunidade pode já ter sido perdida.

“Eles sabem mais sobre mudanças climáticas que a gente,” ele diz. “Mas também é desanimador que nós não conseguimos guiar o barco. Ver que essas crianças estão se esforçando para ganhar a atenção dos adultos – nós deveríamos estar envergonhados com isso. Eu sou inspirado por eles, mas também estou desapontado que é isso que deixamos para eles. A comunidade cientifica inteira está de acordo, então negar isso nesse ponto não é só ingenuidade, é também irresponsável e perigoso.”

É uma época difícil de pensar sobre o futuro. E é fácil fingir que Hemsworth tem todas as respostas, que ele é o super-herói que todos precisamos agora. Mas também é fácil descartá-lo como outra celebridade qualquer, pregando para as massas da sua mansão, alheio à forma como as pessoas normais vivem. A realidade é que nenhuma das duas coisas é completamente verdade.

Hemsworth não está nos pedindo para acreditar que ele sabe o que por aí. Ele pode ser um dos homens mais famosos do plante, mas pelos próximos meses pelo menos, ele é só outro cara em casa com sua família, tentando continuar a vida. Esperando pelo melhor, como todo mundo.



Mesmo durante a quarentena Chris Hemsworth continua fazendo presença. Desta vez, o ator é capa da edição de maio/junho da revista GQ. Confira a primeira parte matéria traduzida e o ensaio fotográfico a seguir.

Fotos de Mathew Brookes para a GQ Australia

No início deste ano, Chris Hemsworth, estrela mundialmente famosa, galã, super-herói, homem mais sexy do mundo em 2014, segundo ator mais bem pago do mundo em 2019, marido, irmão, pai, empresário, filantropo, fã de Western Bulldogs e nórdico Deus do Trovão, de repente se viu em uma posição incomum. Ele era muito parecido com todo mundo no mundo. Em casa. Crescendo inquieto. E preocupado com o que aconteceria a seguir.

Isso foi no final de março e o encerramento foi tão completo que era como se a própria Terra tivesse parado de girar. Lojas fechadas, empregos perdidos, caos em praticamente todos os países.

“Provavelmente é a primeira vez em 10 anos que eu não sei o que vou fazer nos próximos seis meses”, diz Hemsworth, sua voz no mesmo barítono áspero que você ouve na tela. “Não tenho tudo planejado. Até certo ponto, é bom não ter um cronograma, mas o desconhecido e a incerteza são intimidantes”.

Hemsworth, é claro, não era realmente como todo mundo. Ele sabe o quão sortudo ele é. Ele poderia estar em casa junto com o resto do país, mas o local em que estava confinado era a propriedade no alto de uma colina perto de Byron Bay, onde ele, sua esposa, a atriz espanhola Elsa Pataky, seus três filhos e o cachorro de estimação da família, Sunny, moram desde o final do ano passado.

“Temos muita sorte”, ele reconhece a situação de sua família. “Mas estamos aqui em casa e tentamos educar em casa as crianças, o que já é um feito. Eles são melhores alunos do que eu professor, para ser sincero”.

Quando o distanciamento social ocorreu, Hemsworth estava no meio das filmagens da série Limitless, para o National Geographic, na qual enfrentaria uma série de desafios físicos e mentais com o objetivo de viver mais tempo.

Ele também estava programado para promover Extraction, um filme que gravou em 2018. “Eu amo tanto esse filme”, diz ele sobre o thriller de ação, que já está disponível na Netflix. “Então eu estava animado para sair mundo à fora e vender isso”.

Depois, há a quarta parcela da franquia que o tornou um nome familiar, Thor: Love and Thunder. Ainda está previsto o início das filmagens em Sydney em agosto, embora a atual crise deixe a pré-produção em dúvida.

Ele sabe que está muito melhor do que a maioria – a demanda por serviços de desemprego em todo o país atingiu o pico tão rapidamente em março, que o site do Centrelink caiu – mas, para Hemsworth, a ruptura forçada parece que já faz muito tempo.

“Passei provavelmente 15 anos no que parecia uma maratona, uma carga de trabalho constante”, diz ele. “Muita energia foi direcionada para isso e, ao ter filhos ao mesmo tempo, tenho tentado constantemente encontrar o equilíbrio. Eu realmente ansiava por mais tranquilidade e senti uma necessidade definitiva de desacelerar. Não ter uma agenda na minha frente me fez reposicionar meus valores e o que é importante, e acho que a maioria das pessoas está tendo esse tipo de pensamento no momento”.

Hemsworth sempre quis ser ator. Ele se lembra de assistir Legends of the Fall – o épico vencedor histórico do Oscar, estrelado por Brad Pitt e Sir Anthony Hopkins – e de ter ficado impressionado com Pitt.

Seu alcance, seu carisma na tela. Depois, após fazer um curso na escola de cinema e televisão Screenwise de Sydney, Hemsworth sabia que não podia fazer mais nada. “Da noite para o dia, tornou-se minha obsessão”, diz ele.

Mas ele tinha outra motivação além de querer ser o próximo Brad Pitt. Hemsworth estudou em Heathmont, no leste de Melbourne, mas sua família se mudou para Bulman, uma pequena cidade de gado com menos de 300 pessoas no Território do Norte. As coisas não eram fáceis, e ele logo começou a sonhar em torná-lo grande.

“Nós crescemos com muito pouco dinheiro”, diz ele. “Meus pais lutaram com contas e pressões financeiras e pensei que, se eu sou ator, posso nos livrar disso, posso cuidar da minha família”.

Assim começou um ritmo de trabalho frenético que, até esse recente período de trégua, não diminuía há mais de uma década. Mas, além de buscar o sucesso, ele também foi movido pelo medo. Medo de que, se ele não continuasse dizendo sim, continuasse assumindo mais projetos, as coisas poderiam desacelerar tão rapidamente quanto decolassem.

“Você precisa ter uma abordagem obsessiva”, diz ele, trabalhando na indústria cinematográfica, “como qualquer coisa quando as probabilidades estão contra você e é uma chance em um milhão de você entrar. Mas uma vez que você está dentro, nenhum dia se passa sem que você pense que será tirado de você, tudo de repente”.

Mas anos correndo a todo vapor começaram a cobrar seu preço. E mesmo que ele esteja claramente em uma posição em que pode tirar o pé do pedal – Hemsworth ganhou mais de US$100 milhões no ano passado, sozinho – é difícil quebrar os velhos hábitos.

“Você ainda tem esse medo e ansiedade programados em você de que tudo vai desaparecer”, diz ele. “Mas devo admitir que, depois de pagar a casa dos meus pais e cuidar da minha família, tive um momento em que pensei: e agora? O que está dirigindo isso?”.

“Todo trabalho que eu aceitava, toda vez que fazia essas viagens prolongadas, ficava cada vez mais difícil. Por um tempo, você acha que as crianças não percebem e então você se dá conta que elas percebem. Eu absolutamente quero continuar a fazer filmes dos quais me orgulho, mas isso também pode esperar. Agora, o mais importante é que meus filhos têm uma idade que não quero perder. E eu odiaria olhar para trás daqui a 20 anos e dizer: ‘Certo, vamos trabalhar como pai’ e sentir falta de tudo isso”.

Em 2014, Hemsworth começou a filmar o segundo filme dos Vingadores, Era de Ultron, quando ele e Pataky compraram sua propriedade em Byron Bay por US$7 milhões. Eles moravam em Los Angeles há anos, mas isso marcaria o início da mudança de sua família para fora do epicentro do showbiz e voltando para casa na Austrália.

“Você está um pouco demais no olho da tempestade quando mora em Hollywood”, diz ele. “Morando na Austrália, também é mais fácil de me afastar do trabalho – e você tem um pouco mais de liberdade para deixar passar alguns e-mails e telefonemas”.

Tudo seguindo o plano, Thor: Love and Thunder será lançado em 2022. Até então, Hemsworth já interpretou o personagem-título por uma década – é fácil esquecer que ele tinha apenas 25 anos quando foi escalado para o original de Kenneth Branagh em 2011.

Na época, ele tinha um punhado de créditos em seu nome e, embora já fosse razoavelmente famoso na Austrália – ele apareceu na versão local do Dancing with the Stars em 2006 – Hemsworth era um desconhecido virtual nos EUA. Ele fez um teste sem sucesso para um papel em X-Men e também para a liderança em G.I. Joe, uma parte que finalmente foi para Channing Tatum. Hemsworth começou a pensar que sua carreira nunca poderia decolar.

“Eu tive sete ou oito respostas e eu pensei que uma delas iria dar certo,” ele diz. “Mas então nenhuma delas deu e então eu pensei: é isto, eu perdi de novo. Mas então Thor apareceu. Se eu tivesse conseguido um dos outros trabalhos eu nunca teria feito Thor.”

Assim que Hemsworth apareceu pela primeira fez no blockbuster, seu mandato como Deus do Trovão, sua transição foi organizadamente guiada da obscuridade para se tornar um dos atores mais famosos no planeta. Mas entre a franquia original e os filmes dos Vingadores, o próximo capítulo será o nono passeio de Hemsworth pelo papel. O dinheiro é bom, claro, mas ele começou a achar que ele começou a perder de vista o que ele queria para sua carreira.

“Eu senti uma falta de criatividade”, ele diz. “Mas era menos sobre eu ser o tipo pro papel – Era mais, ‘Isso é tudo que consigo fazer?'”

Em 2017, ele decidiu misturar as coisas e tomou um papel inesperado como um assassino líder cultista no suspense neo-noir Maus Momentos no Hotel Royale. O filme foi bem recebido quando foi para para as telonas, fazendo 52 milhões de dólares em bilheteria, e podia ser um descanso escasso das produções de grande orçamento que Hemsworth ficou conhecido por fazer. No último ano, Vingadores: Ultimato, por comparação, fez mais que 4,6 bilhões de dólares ao redor do mundo.

“Isso reacendeu meu amor por atuar,” ele diz de Maus Momentos. “Eu tinha que fazer alguma coisa que não era sobre efeitos especiais e sequências de ação. Quando se torna muito familiar, é muito fácil pra mim dizer, ‘Por que infernos estou fazendo isso?'”

Teve outro elemento que fez Hemsworth levantar o martelo novamente. O diretor neozelandês Taika Waititi sse juntou à franquia com Thor: Ragnarok em 2017, e ganhou elogios por injetar humor na série, que – numa era onde as audiências estão esperando para ver mais vulnerabilidade de seus heróis nas telas – foi em risco de se sentir datado.

“Ele é divertido demais,” diz Hemsworth, de trabalhar com o diretor. “Mas não confunda aquela energia infantil e frenética com alguém que não está preparado. É uma combinação única, que ele tem habilidade de, através do humor, colocar você à vontade, mas também está armado com todo o conhecimento que um diretor precisa para liderar você através do processo. E isso veio numa hora quando eu desesperadamente queria colocar mais humor no personagem.”

Esse ano, Waititi também ganhou um Oscar de Melhor roteiro Adaptado por Jojo Rabbit, sua comédia sombria da Segunda Guerra Mundial sobre um garoto alemão que descobre que sua mãe está escondendo uma menina judia na casa deles.

“Eu certamente fiquei feliz por ele quando ele ganhou e foi um momento muito especial,” diz Hemsworth, depois de admitir que ele não tem prestado tanta atenção às premiações como ele fez um dia. “Na verdade eu não vi nenhum dos outros filmes que concorriam com o dele – Eu não tenho visto muito de nada. Vivendo aqui eu estava tipo, ‘Ah é, é temporada do Oscar’. Eu tenho estado bem por fora.”

Hemsworth e Pataky tem três filhos, uma filha de sete anos e gêmeos de cinco. Embora a agenda de filmagens pode tirá-lo de casa por meses de uma vez, ele gosta do fato de que eles estão em uma idade que podem assistir aos filmes. Mesmo que eles não estejam convencidos que ele é o super-herói, o resto do mundo vê ele como um.

“Eu gosto muito quando eles realmente gostam dos meus filmes,” ele diz. “Mas também tem uma quantidade igual de “virada de olhos” – Eu não poderia ser menos legal aos olhos deles. É a forma da natureza de dizer a verdade. Você pode cair na falsa noção de auto importância num set de um filme, onde você se sente especial, então é bom se lembrar que não é o caso. E as crianças certamente mostram isso em casa.”

Leia a segunda parte da entrevista aqui.



Carismático, simpático e famoso. Mas ainda tem espaço pra alguma timidez. Em entrevista exclusiva à GQ Brasil ele confessou ter demorado a se acostumar com entrevistas e falou sobre preparo físico, o futuro de Thor e sobre ser pai.

Confira a entrevista completa para a GQ Brasil:

GQ Brasil: Você sempre cuidou do seu corpo e mente ou começou antes de encarar o Thor nos cinemas?

CH: Eu sempre tive consciência do cuidado com o corpo. Meus pais sempre apoiaram uma alimentação saudável e a prática de exercícios. Tivemos muita sorte de ter uma infância fora de casa com esporte, sabe? Então, quando precisei me preparar para o Thor, foi “fácil”. Eu tenho uma memória muscular muito grande, mas tive que me reeducar para o Thor porque é diferente, né? Foi maravilhoso ter essa educação. Eu consegui mudar meu corpo de uma forma saudável.

GQ Brasil: Você tem um app fitness, né?

CH: Sim! É muito legal ter a oportunidade de juntar as pesquisas e conhecimentos de pessoas com quem treinei e que conheci durante todos esses anos em um aplicativo e poder compartilhar isso com as pessoas. A combinação de mental fitnessmental awareness e nutrição… eles se complementam. Uma das coisas mais recompensadoras é ver as pessoas falando que isso mudou a vida delas. 

GQ Brasil: Vingadores acabou (até onde sabemos). O que podemos esperar do Chris (ou do Thor) nos próximos anos?

CH: Quando terminei o Vingadores, eu tirei um tempo pra mim, pra ficar com a minha família em casa e foi maravilhoso. Nós vamos começar a gravar um novo filme do Thor ano que vem e eu estou super ansioso. Não me senti exausto, fiquei super feliz! Eu estou tentando fazer coisas novas, olhando para personagens que ainda não tive a oportunidade de fazer ainda. Pra mim é uma constante busca de me colocar fora da zona de conforto e manter meus olhos abertos e aceitar os desafios. Tento não controlar o processo e deixo a vida me levar. Se você me perguntasse há 10 anos atras como eu imaginava a minha carreira dos sonhos, seria a que estou tendo agora. Então, tenho muita gratidão.

GQ Brasil: Este ano você disse à Ellen Degeneres que tem medo de talk shows. Você é um cara tímido?

CH: Olha…acho que demorei alguns anos pra me acostumar com entrevistas na televisão porque você nunca sabe o que vão te perguntar e você tem apenas 5 ou 6 minutos para responder, ser simpático e charmoso (risos). Você tem que estar disposto a aceitar o que vai acontecer e não tentar manipular nada.

GQ Brasil: Você tem três filhos, certo? Qual foi o momento de impacto em que percebeu que tinha se tornado pai?

CH: Acho que há 4 ou 5 anos atrás. Eu estava no auge da minha carreira e cuidando de três filhos. E a gente tentava sobreviver (risos). Agora é super legal porque estou trabalhando menos. Você tem que dar o seu melhor. Não tem como forçar nada. Cada um deles tem sua personalidade. É maravilhoso! Quanto mais velho eles ficam, mais colaborativa fica a minha interação com eles, brincando juntos e coisas do tipo, e isso é muito especial.

GQ Brasil: Você é o novo rosto da BOSS Bottled da Hugo Boss. Qual cheiro te lembra a infância?

CH: Hmm..acho que o cheiro de mato. Eu cresci surfando bastante e o aroma me lembra andando pela trilha até chegar à praia.

GQ Brasil: E qual é o cheiro mais sexy no mundo?

CH: O da minha mulher, com certeza!

Fonte




Chris Hemsworth conversou com a GQ Britânica e falou sobre como se prepara para ir aos eventos, como se arruma no dia a dia e cuida de si. Apesar dos ternos bem ajustados nos tapetes vermelhos e da capa nas telas, o visual diário de Chris quando está em sua cidade, Byron Bay, é bem diferente.

“Eu me visto casualmente e uso camisetas e shorts”, diz Hemsworth. “Nós moramos perto da praia e passamos maior parte do tempo lá”. E quando se trata das premières ele diz, “Eu adoro um bom terno para um evento de tapete vermelho, porque não tenho que passar todos os meus dias vestindo um”.

 

Imagem relacionada

 

Chris Hemsworth possui 1,91 de altura com 40cm de músculos e enquanto filmava Thor, sue peso subiu de 86 quilos para 100. Tudo isso pode dificultar um pouco na hora de se vestir. Quando eu estava filmando para Vingadores 4 (Ultimato), eu estava um pouco maior que normalmente estaria,” ele diz. “Eu tenho trajes em muitos tamanhos. Alguns são para meu peso normal e outros pro meu tamanho de Thor”. O ator também disse que, quando se trata de ternos, “Um alfaiate  é fundamental. Eu tenho muito mais confiança quando um terno me serve”.

Porém Hemsworth não foca apenas nas roupas na hora de se arrumar, “Eu amo um perfume,” ele diz. “É como por um ótimo terno. Me faz sentir confiante e da uma energia diferente. Eu normalmente escolho uma frangância que (minha esposa) Elsa gosta. Ela ama Boss Bottle; strudel de maçã – a inspiração do aroma – é a comida favorita dela”. Não é atoa que Chris é o embaixador global da fragância Boss Bottle, certo?

Quando não está filmando no set, Hemsworth mantém a aparência, “Eu não tenho paciência pra me arrumar. Não gosto de ficar sentado em uma cadeira por muito tempo.”

Fonte



TODOS OS DIREITOS RESERVADOS • Layout por CHBR & codificado por Lannie D